O mês de setembro tornou-se referência para o estudo e a contemplação da Palavra de Deus, tornando-se em todo o Brasil, desde 1971, o Mês da Bíblia. Desde o Concílio Vaticano II, convocado em dezembro de 1961, pelo papa João XXIII, a Bíblia ocupou espaço privilegiado na família, nos círculos bíblicos, na catequese, nos grupos de reflexão, nas comunidades eclesiais.
“Já são quase 50 anos que temos essa tradição de dedicar um mês para o estudo mais aprofundado da Palavra de Deus, então é extremamente importante que as comunidades se deixem reunir e experimentar a Palavra de Deus. A Bíblia é para nós a Palavra de Deus revelada, a forma que Ele dialoga continuamente conosco na história”, afirma irmã Izabel Patuzzo, assessora da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB.
Este ano, 2020, a Igreja no Brasil comemora o Mês da Bíblia, em sintonia com a Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), fundamentando-se no livro do Deuteronômio, com o lema “Abre tua mão para o teu irmão” (Dt 15,11). É um livro rico em reflexões morais e éticas, com leis para regular as relações com Deus e com o próximo. Destaca-se no Deuteronômio a preocupação de promover a justiça, a solidariedade com os pobres, o órfão, a viúva e o estrangeiro. São leis humanitárias encontradas também no Código da Aliança (Ex 20-23).
Nós lemos a Bíblia não apenas para compreendê-la mas para colocá-la em prática. O livro do Deuteronômio levanta hoje muitos gritos, apelos e clamores. Muitas das realidades que estamos vivendo hoje se assemelham à realidade que o povo de Deus passou. Hoje temos uma massa de pessoas empobrecidas. O tema é muito mais que atual. A questão do acesso à terra também é um tema no livro. A terra que deve ser partilhada para o sustento dos irmãos. O tema da justiça também: as leis devem ser para que o povo possa viver. Os pobres, hoje, dificilmente têm acesso à justiça. Este é um tema que o livro nos convida a refletir e a colocar em prática também. No Deuteronômio estão os 10 mandamentos. Uma das questões que se pede é que não se use o nome de Deus em vão. Hoje estamos numa época que o uso e a banalização do nome de Deus está sendo banalizado, inclusive nos discursos políticos.