Criada em 19 de Janeiro de 1809
A Vila do Ribeirão da Ilha teve seu início nos primeiros anos da Capitania, quando Manoel de Vargas Rodrigues, com Provisão Episcopal de 13 de setembro de 1763, edificou, para sua família e vizinhanças, em um sítio de sua propriedade, na localidade então conhecida como “Simplício”, hoje Barro Vermelho, uma Capela sob a invocação de Nossa Senhora da Lapa. O próprio Manoel de Vargas mandou vir a imagem de Nossa Senhora da Lapa.
A Igreja foi construída entre 1763 e 1806 pelos senhores e seus escravos, com pedra, cal e azeite de baleia, vindo da Armação.
Segundo Almeida Coelho, no Governo do Coronel Joaquim Xavier Curado (1800-1806), os moradores do Ribeirão iniciaram, no local onde ainda hoje se encontra, as obras de um belo templo medindo 125 palmos de comprimento e três altares.
A sagração do referido templo aconteceu no dia 2 de fevereiro de 1806.Ao invés de ser elevada à categoria de Freguesia, a 24 de janeiro de 1807 uma Provisão do Cabido do Rio de Janeiro, elevava a Igreja de Nossa Senhora da Lapa à categoria de Capela Curada, com Capelão residente, mas com a condição de a comunidade local contribuir com côngruas para a manutenção do mesmo. Foi nomeado Cura o catarinense Pe. Dr. Caetano de Araújo Figueiredo Mendonça FurtadoTornou-se Freguesia, por uma Resolução de 19 de janeiro de 1809 e Provisão Episcopal de 15 de novembro do mesmo ano.
Foi seu primeiro Vigário Encomendado, por Provisão de 15 de novembro de 1809, o Pe. Tomaz Francisco da Costa.
Em outubro de 1845 a Freguesia foi visitada pelo Imperador Dom Pedro II, a Princesa Dona Tereza Christina e o Bispo Dom Manoel Rodrigues de Araújo, Conde de Irajá.Durante esta visita, o imperador doou à Igreja a quantia de 400 mil réis, o que contribuiu na realização de novas obras e reparos à Paróquia. Dois anos mais tarde, o mesmo dinheiro ainda foi utilizado para pinturas e reformas.
Em 06 de fevereiro de 1871 era solicitada licença para a construção de uma Capela no lugar denominado Pântano do Sul. A construção foi concluída em 1884.Em 1901, Pe. Francisco Topp, também Vigário da Paróquia de Nossa Senhora do Desterro, responde pela Paróquia.Em 8 de junho 1917, com a morte de Pe. João Stolte SCJ, por falta de padres na Diocese, a Paróquia Nossa Senhora da Lapa foi anexada à Paróquia da Santíssima Trindade, assim permanecendo até 1967.
Em 1926 era adquirida uma área de terras para construção de uma Capela em Alto Ribeirão.Em 1938 a Freguesia passou à categoria de Vila do Ribeirão, recebendo mais tarde a denominação de Vila de Caiacanga-Mirim e, finalmente, Vila do Ribeirão da Ilha.
Em 20 de abril de 1950 era dada licença para a reconstrução da Capela (totalmente deteriorada) da Armação. Em 1953 foi construída a torre da referida Igreja.Em 1969 fica, novamente sem Pároco próprio, sendo atendida por Pe. João Cardoso, Pároco de Nossa Senhora da Boa Viagem, do Saco dos Limões, até 1972.
Em 1983, após muitas discussões na comunidade foi derrubada a antiga Capela de São Pedro do Pântano do Sul e em seu lugar construída uma nova.
Até o século atual, novas e desastrosas intervenções foram feitas, embora, felizmente, a Igreja ainda conserve algumas de suas características originais.
Seguindo um partido arquitetônico colonial, a fachada principal da Igreja Nossa Senhora da Lapa apresenta frontão triangular. Atrás, erguem-se duas torres, uma cega e outra sineira. Esta possui dois sinos, balaustradas no contorno e pináculos no centro da cobertura, de forma piramidal.
Sobre a portada, três janelas, todas com vergas arqueadas e requadros em madeira maciça, além de decoração em estuque, na qual a sobreverga afeta forma triangular. Todas as portas são almofadadas e as janelas apresentam, por fora, guilhotina em vidro de caixilho pequeno.
No vértice superior do frontão, encimado por cruz de ferro, decoração em volutas.
Aos fundos, simetricamente, à direita e à esquerda do corpo principal, as duas sacristias, cujas portas de entrada são encimadas por vergas arqueadas. Essas construções são arrematadas por platibanda. As fachadas laterais apresentam três janelas altas, retangulares, com vidraças e porta, com requadros em madeira, encimadas por vergas e sobrevergas em arco abatido.Internamente, a clássica divisão nave e capela-mor, separadas pelo arco cruzeiro e com paredes de 80 cm de espessura.
As três portas da nave (a principal e duas laterais) apresentam dobradiças em cachimbo, possivelmente da época da construção. A porta principal do templo é almofadada e possui uma interessante aldraba original.
No teto da nave, pintura representando, ao centro, a Sagrada Família, a visita dos Reis Magos e o Cristo crucificado. Na parede sobre o arco cruzeiro, a representação de Cristo e São João Batista. Na parede do coro, singela pintura representa Santa Cecília.
A capela-mor, com um belo altar em branco dourado, colunas salomônicas, volutas e concheados de inspiração barroca, guarda belos exemplos de arte sacra dos séculos XVIII e XIX. Ainda na capela-mor, duas janelas em cada lateral, abrindo-se de um lado para a sacristia e de outro para a residência do vigário. No teto pintado, um medalhão com anjos. Os retábulos do cruzeiro são do mesmo estilo do altar-mor, possuindo, na sua parte mais alta, delicados baldaquinos de madeira.
Faz conjunto com o cemitério, aos fundos, e ao lado com o Império do Divino Espírito Santo, uma referência à prática ainda existente de se comemorar a festa religiosa do Divino, de tradição açoriana.A Igreja e seu entorno estão incluídos em Área de Preservação Cultural tipo UM, ou seja, área de interesse histórico, e estão também protegidos pela Lei Municipal nº 2193, de 1985.