O famoso livro nos oferece lições capazes de revolucionar a nossa vida diária
Cinco dicas para os adultos viverem melhor o seu presente: quem as oferece é O Pequeno Príncipe, o herói nascido da pena de Antoine de Saint-Exupery em 1943 e cujas cerca de cem páginas ilustradas já foram traduzidas para 288 línguas e dialetos de todos os continentes – um recorde mundial.
Magia para as crianças e alegoria para os adultos, a obra dá muito em que pensar. Por ocasião do septuagésimo aniversário deste clássico, o site The Huffington Post escolheu dentre as suas páginas cinco lições de vida – todas atuais e amparadas em dados científicos.
1. Criatividade de criança
“Mas todos, fossem homens ou mulheres, me respondiam: ‘É um chapéu’. Eu então não falava de jiboias, de florestas primitivas, de estrelas. Eu me abaixava até o seu nível. Falava de bridge, golfe, política e gravatas. E eles ficavam bastante satisfeitos por terem encontrado um homem tão sensível” – O narrador.
O primeiro desenho do menino narrador do livro representa uma jiboia digerindo um elefante. Os adultos, no entanto, veem todos a mesma coisa: um simples chapéu. Por isso ele abandona a sua paixão pelo desenho até encontrar o Pequeno Príncipe, que, imediatamente, sabe que se trata de um elefante dentro de uma jiboia.
E o Pequeno Príncipe tem mais imaginação ainda: quando pede ao narrador que lhe desenhe uma ovelha, prefere o desenho de uma caixa. Desta forma, ele pode imaginar que a ovelha está lá dentro.
A lição de vida: os adultos perdem aquele toque de loucura que os levava a imaginar e criar quando eram crianças. Os adultos preferem os números e as coisas imediatas, e se esquecem de olhar com profundidade, para além da superfície; esquecem de se deixar levar e de inventar.
O que a ciência diz: de acordo com vários psicólogos consultados pela equipe norte-americana do Huffington Post, as pessoas criativas são muito parecidas com o Pequeno Príncipe. Elas sonham acordadas, vão à procura de novas experiências, fazem perguntas intrigantes, observam os outros e desafiam as próprias convicções constantemente.
2. Não se levar a sério demais
“Eu as administro. Eu as conto e reconto. É difícil, mas sou um homem sério” – O homem de negócios.
Durante a sua viagem pelos planetas, o Pequeno Príncipe encontra um homem de negócios. Sua principal característica (ou a única): ele é muito sério. Não faz outra coisa além de contar todas as estrelas da galáxia, incessantemente. Ele se considera satisfeito porque acredita possuí-las todas, mas a sua vida é feita apenas de monotonia e solidão. Ele não se dedica a nada mais do que isso – nem sequer a apreciar a beleza dessas mesmas estrelas.
A lição de vida: quando somos menos sérios, nos liberamos para apreciar melhor o verdadeiro significado das coisas.
O que a ciência diz: muitos estudos afirmam que não há nada melhor que uma boa dose de risadas para ficarmos de bem com nós mesmos. Em 2014, pesquisadores de uma universidade da Califórnia demonstraram que as pessoas que riem têm memória mais apurada e vivem menos estressadas.
3. Ser feliz requer mais tempo para nós mesmos
“Agora não tenho mais um segundo de descanso. Acendo e apago uma vez por minuto!” – O acendedor do lampião.
No quinto planeta, o Pequeno Príncipe encontra um personagem realmente excêntrico. A cada minuto, ele tem que acender e apagar o seu lampião. Cada minuto, para ele, vale um dia. Ele nunca tem tempo para descansar e, muito menos, para dormir.
A lição de vida: é necessário dedicar tempo para apreciar a vida e descansar.
O que a ciência diz: a falta de sono tem efeitos catastróficos para a saúde. Quem age como o acendedor de lampião aumenta o risco de diabetes, doenças cardíacas, acidente vascular cerebral, alguns tipos de câncer, problemas de memória, emotividade desregulada, aumento exagerado do apetite… Os efeitos negativos da privação do sono são numerosos e diversificados.
Além de dormir, é essencial, para uma vida saudável, dedicar tempo a si mesmo.
4. Lançar-se a novas descobertas
“Não é o geógrafo quem vai contar as cidades, os rios, as montanhas, os mares, os oceanos e os desertos. O geógrafo é importante demais para isso. Ele nunca deixa o seu escritório” – O geógrafo.
No sexto planeta da viagem, o Pequeno Príncipe encontra um “velho senhor que escrevia enormes livros”. Ele acredita que encontrou um explorador, mas, na verdade, o único habitante do planeta é um geógrafo que nunca pôs os pés fora do próprio escritório.
A lição de vida: tendemos a ficar ancorados na nossa “zona de conforto”, porque isso é mais fácil que correr riscos. Assim, perdemos a oportunidade de aproveitar o tempo na Terra para viver experiências diversas, fazer novos amigos, conhecer o nosso mundo.
O que a ciência diz: somos mais eficientes quando enfrentamos pressões e desafios, afirmam os psicólogos, e aceitar os desafios nos ajuda a envelhecer melhor, de acordo com um estudo publicado em 2013.
5. É melhor escolher com o coração
“Este é o meu segredo. É muito simples: só se vê claramente com o coração. O que é essencial é invisível aos olhos” – A raposa.
O Pequeno Príncipe ama uma rosa do seu planeta, que se assemelha em tudo às rosas que ele observa na Terra. Mas a sua rosa é única – porque ele a escolheu. É uma rosa “única no mundo”, diz a ele a raposa, porque ele dedicou a ela o seu tempo.
A lição de vida: o Pequeno Príncipe representa a espontaneidade dos sentimentos. Diferente dos seres humanos do planeta Terra, que tenderiam a ver na rosa apenas mais uma flor, ele pensa com o coração e vê muito mais a fundo.
O que a ciência diz: segundo um estudo publicado em 2012 pelo Journal of Organizational Behavior and Human Decision, a intuição, durante o processo decisório, seria tão eficaz quanto a abordagem analítica e, em alguns casos, até mais. No mundo dos negócios, um indivíduo que conhece bem a sua área de competência tomará melhores decisões ao “confiar no seu feeling”.